Câmara da Ribeira Grande “oferece” 550 mil euros a um privado, sem contrapartidas e em prejuízo dos clubes locais, lamenta PS

PS Açores - 12 de abril

Nos últimos dias, os Ribeiragrandenses têm sido surpreendidos com a ânsia do executivo camarário de Alexandre Gaudêncio em afetar mais de meio milhão de euros de receitas dos impostos dos munícipes num investimento privado a realizar no concelho, nomeadamente no futuro Centro de Treinos (Formação) do Clube Desportivo Santa Clara, em Rabo de Peixe, como foi hoje publicado em Jornal Oficial.

“Não está em causa a iniciativa privada, que é legítima e bem-vinda, mas tão só as prioridades do executivo municipal do PSD, a urgência dada a este processo, em que foi colocado na ordem de trabalhos da reunião camarária à pressa, sem a devida fundamentação e sem se conhecer as contrapartidas para o concelho”, afirmou o Secretário Coordenador do PS/Ribeira Grande, Carlos Silva.

Mais uma vez, estamos a falar da afetação de verbas muito significativas do orçamento municipal e dos impostos dos Ribeiragrandenses, nesta primeira fase são pelo menos 550 mil euros, que são destinadas a projetos privados, em detrimento do investimento em infraestruturas públicas e ao reforço do apoio às entidades e clubes locais, que ao longo das últimas décadas muito têm feito pelo desporto, pela comunidade e pelo concelho.

Mais preocupante ainda é o facto de existirem grandes lacunas nas infraestruturas desportivas no concelho, propriedade da própria autarquia, que estão quase ao abandono, fruto do desmazelo do executivo, com os pisos sintéticos a degradarem-se de dia para dia, pavilhões sem as devidas condições de segurança e muitas promessas por cumprir.

O que dirão os dirigentes desportivos e os atletas de cerca de mais de uma dezena de associações e clubes desportivos, das 14 freguesias do concelho, que diariamente trabalham e treinam em condições difíceis? Será que também poderão utilizar as infraestruturas do novo centro de treinos? São muitas perguntas, sem resposta.

É incompreensível como é que um executivo que, sistematicamente, lamenta a falta de apoio e recursos para avançar com obras estruturantes para o concelho, como o prolongamento da via litoral da cidade que “parou no tempo”, a reabilitação do caminho da Tondela e acesso à via rápida, a falta de investimento em habitações, a falta de investimento em pavilhões desportivos, só para citar alguns exemplos, decide agora, em tempo recorde, e de forma pouco transparente investir mais de meio milhão de euros numa empreitada para execução de terraplanagens num centro de treinos privado, sem sequer se conhecer as contrapartidas.

Importa ainda referir que este apoio não constava do orçamento e grandes opções do plano para 2024, nem foi candidatado a fundos comunitários, tendo sido por isso necessário retirar verbas de outros investimentos públicos.

Afinal porque tem o executivo de Alexandre Gaudêncio tanta urgência em “oferecer” mais de 550 mil euros a um projeto privado? Que contrapartidas existem para o concelho, para os clubes locais e para os Ribeiragrandenses?

Os Ribeiragrandenses merecem explicações e uma melhor afetação do dinheiro público. É tempo de recuperar a credibilidade perdida.